Sobre Música
Sobre Música
Não sou critica de música, muito menos sou música, mas imagino fazer parte do grupo de pessoas que possuem bom gosto musical. Desde que o ser humano se tornou sedentário, obervamos o aperfeiçoamento das técnicas musicais, bem como uma transformação no que refere aos instrumentos que agraciam nossos ouvidos com belíssimos sons. O me que intriga, na verdade, é que há algumas décadas a humanidade parece estar perdendo a capacidade de apreciar a boa música, e por consequência, deixou de produzir letras e melodias lindas como fazia no passado.
Longe de mim criticar os estilos musicais, pois entendo que mesmo o rock pesado, o qual eu particularmente não ouço, possui sua musicalidade e, diga-se de passagem, agrada milhares de ouvidos mundo afora. O que eu quero é criticar, e digo CRITICAR com todas as letras, é a pouca musicalidade que ouço em muitas músicas; também acho justo mencionar a falta de poesia nas letras que os jovens de hoje escutam.
Há poucas décadas, o Brasil produziu artistas como Chico Buarque e Vinícius de Moraes, para mencionar os nomes mais conhecidos, e mundo afora nos deparamos com Beatles e Pink Floid (também citando grupos populares), que eram capazes de compor melodias que nos faziam chorar e letras que diziam muito mais do que se supunha, como é o caso de Chico Buarque em Homenagem ao Malandro (“agora já não é normal, o que dá de malandro regular profissional”...). Hoje, grande parte das “músicas” é produzida por sons sintetizados, e as letras não ultrapassam “on the floor” ou “ai se eu te pego”.
Ok! Vou ser justa! Alguns artistas superaram as demandas de mercado e nos agraciaram com letras e melodias de verdade, o que me torna muito grata a eles. Parece justo pontuar que, na verdade, existem dezenas de grandes artistas sendo produzidos no nosso tempo, mas eles logicamente não têm a mesma demanda que aqueles grupos ou bandas que só produzem músicas para ficar em primeiro lugar nas “paradas”. Assistir uma programação musical de clips na TV tem se tornado uma tortura, isso porque entre 15 clips somente um acrescenta alguma coisa em nossas vidas.
Parece que a vida dos nossos jovens hoje tem se tornado realmente fútil. Ao menos é isso o que esse tipo de programação nos passa. Pouco ou nada de romantismo é “cantado”, e o mais próximo que chegamos de romance está numa tal música irritante que repete a frase “ai se eu te pego” umas vinte vezes, intercalando esse belo verso poético com “delícia, delícia, assim você me mata”. E o pior é que as novas músicas que andam fazendo sucesso entre o chamado sertanejo universitário seguem essa mesma linha “poética”.
Não vou comentar sobre o funk pancadão, pois acredito que ele não se encaixe na categoria música...
Vamos deixar o sertanejo de lado e falar sobre os cantores pop’s do momento. Vou admitir que cantei “I Gotta a Feeling” incontáveis vezes desde a música foi lançada, mas parece que o grupo Black Eyed Peas não possui criatividade para fazer uma música que não fale de festa ou balada. E as letras de diversos grupos pop’s andam bem semelhantes. Vou me limitar a não continuar mencionando bandas ou cantores, pois isso seria muito desgastante.
Jessie J., cantora pop, disse em uma letra que “we need to take it back in time, when music made us all unite, and it wasn't low blows and video hoes, am I the only one getting... tired?”. Sim, Jessie, eu estou bem cansada disso. A única coisa que se valoriza hoje em dia é dinheiro, sexo e sensualidade. Parece grotesco fazer parte de uma sociedade que a cada dia prega menos valores aos nossos jovens. Será que eu sou a única preocupada com o resultado dessa falta de valores no futuro do nosso planeta? Como vamos ensinar às crianças que devemos respeitar uns aos outros, cuidar da natureza e zelar pelo bom convívio entre as pessoas, se não estamos pregando isso no dia-a-dia? Precisamos nos tornar críticos o suficiente para forçar os músicos a produzirem alguma coisa de valor! E é bom lembrar que, embora muitos neguem que os artistas influenciem nossos jovens e crianças, sabemos que na verdade esses artistas são tão formadores de opinião quanto os pais, mães, professores e governantes.
Thayla Mercurio Ramon