O Consumismo

15/10/2013 09:45

É muito comum ouvirmos falar em consumo e consumismo. É mais comum ainda sermos estimulados a consumir em excesso aquilo que não precisamos. Basta comparar coisas simples que temos hoje com os pertences de uma pessoa do começo do século XIX: enquanto temos dezenas de combinações de roupas nos armários, vários pares de sapatos e muitos acessórios, uma pessoa comum no século XIX teria, quando muito, uma combinação de roupa para o dia a dia e outra para ocasiões especiais. O mesmo se dava com os sapatos. Ah, e os acessórios, seriam raros.

Mas, afinal, como foi que chegamos a uma era na qual é possível consumir além do necessário e descartar bens materiais como se não fossem nada? Bem, ao longo da história da humanidade, consumir bens naturais foi algo comum. No entanto, esse consumo era gerado pela necessidade. Todos os seres vivos do planeta consomem algum recurso natural para sobreviver. Claro que o ser humano desde sempre consumiu além do necessário porque não somos movidos somente pela necessidade, mas pelo desejo de possuir.

Segundo um dicionário, “consumo” é o uso que se faz de bens e serviços produzidos. Gasto, dispêndio: consumo de energia. Sociedade de consumo: nome dado algumas vezes às sociedades de países industriais desenvolvidos, nos quais, estando as necessidades elementares asseguradas à maioria da população, os meios de produção e de comercialização são orientados para responder a necessidades multiformes, frequentemente artificiais e supérflua[1]s.

Portanto, por si só o conceito de consumo nos leva a pensar em gasto supérfluo de recursos da natureza. Digo isso porque qualquer produto que consumimos - até mesmo uma verdura produzida no jardim de nossa casa – sai da natureza. O planeta terra possui todos os recursos necessários à sobrevivência das espécies que o habitam e consumir recursos faz parte do ciclo da vida e da natureza. No entanto, a espécie humana é a única que consome mais do que o necessário, impedindo que o ciclo natural de recuperação ambiental seja estabelecido. E fazemos isso em escala global!

           

Breve História do Consumismo

Ao longo da história, retirar produtos da natureza e aperfeiçoá-los para o uso humano foi um movimento que sempre existiu. Mas, no século XV, o surgimento do mercantilismo deu inicio a um novo ciclo de consumo que culminaria na sociedade capitalista que vivemos hoje. Sua evolução foi uma era de prosperidade que possibilitou às pessoas consumir aquilo que não tinham necessidade, mas desejo de possuir.

Esse desejo de ter, de adquirir bens de consumo, levou a humanidade à era da industrialização. A produção em massa de produtos reduziu os preços e possibilitou o aumento do consumo por pessoas de todas as classes sociais. Ao invés de cada pessoa ter uma muda de roupa para o dia a dia, agora ela podia ter várias, por exemplo

O século XX foi, por excelência, o século do nascimento do consumismo como o conhecemos hoje. Ele ganha novas forma através do Marketing em torno da mercadoria gerando, nos Estados Unidos – e consequentemente, no mundo - uma das maiores crises da humanidade, causada pelo aumento desenfreado do consumo. A quebra da Bolsa de Valores de NY em 1929 abalou o mundo e motivou a Segunda Grande Guerra. Com o fim do conflito e a divisão do mundo entre socialistas e capitalistas, criou-se nos Estados Unidos e países capitalistas a segunda grande onda de consumo que fez aumentar a economia e enfraquecer aos poucos o socialismo, já que este não conseguia rivalizar com o aumento tecnológico que o capitalismo gerava em grande escala.

Nas décadas de 70, 80, 90, o consumo ganha o mundo com o aumento tecnológico e a expansão de indústrias. O fim da URSS e a conquista da hegemonia americana nos mercados globais - com empresas e marcas multinacionais - criam enormes mercados consumidores graças ao avanço dessas empresas pelo o mundo. Os EUA passam a ser símbolo do capitalismo puro e referência de sociedade a ser seguida, copiada. Música, cinema, arte e bens de consumo americanos são extremamente valorizados e consumidos em larga escala.

Mas ao mesmo tempo em que o mundo capitalista vivia uma era de prosperidade, milhões de pessoas ao redor do planeta eram empurradas para uma miséria cada vez mais discrepante. Além disso, os danos ao meio ambiente já eram alarmantes e, algumas vezes, irreversíveis, como o buraco na camada de ozônio.

Hoje em dia, os resultados da expansão do capitalismo pelo mundo podem ser bons e ruins. A industrialização no campo possibilitou o aumento da produção de alimentos e a redução da miséria (embora milhões de pessoas ainda sofram com ela). O conforto do capitalismo ganhou espaço nas residências de muitos. Mas, ao lado disso, temos sérios problemas ambientais e previsões alarmantes para o futuro do meio ambiente. A desigualdade social também é algo preocupante, assim como o aumento da violência em muitos países.

E ainda há a terrível doença do nosso século: o consumismo. Esse desejo desenfreado de consumir é responsável por muitos casos de depressão e suicídio, brigas familiares, criminalidade e muitos outros problemas sociais.

      

Vivemos uma era de preocupação com o meio ambiente e de necessária revisão dos valores da sociedade. Enquanto não encontrarmos o equilíbrio entre nossa vontade e aquilo que precisamos de fato consumir, continuaremos a destruir o nosso planeta.

 

Thayla Mercurio Ramon