Ideias Sociais e Políticas do século XIX
O século XIX é marcado pelas últimas lutas entre a burguesia e a aristocracia. É também o século no qual a burguesia consolida-se no poder. O liberalismo é a ideologia da burguesia em ascensão. É essa ideologia que orienta e organiza os passos dessa classe social na política, visto que a liberdade econômica e política beneficiavam os negócios burgueses.
O liberalismo firma-se como uma ideologia que se opõe aos interesses da grande massa da população, tendo em vista que é individualista e defende o indivíduo acima de tudo, inclusive acima do Estado. Para a burguesia, a defesa de seus interesses individuais deve ser alicerçada pelo Estado, - o qual acabou nas mãos dos ricos cidadãos que promoveram a retirada da aristocracia do poder – e por isso mesmo a luta pela tomada do poder era fundamental.
O liberalismo se desenvolveu mais e melhor naqueles países que possuíam uma burguesia forte e poderosa, o que nos mostra o quão paradoxal tornou-se o liberalismo. A burguesia que lutava contra a opressão da aristocracia é a mesma burguesia que firma-se no poder com práticas também opressoras. O poder passa das mãos dos nobres, que detinham o poder pelo direito do nascimento, para as mãos da elite econômica vigente. O liberalismo, que nunca fora democrático, é adotado pela burguesia como alicerce de poder. No entanto, a burguesia só chegou ao poder graças às lutas inspiradas no pensamento iluminista, o qual defendia uma sociedade justa.
Embora a sociedade burguesa consolidada ao longo do século XIX defenda as liberdades individuais perante a “justiça”, na prática o liberalismo gerou desigualdades que resultam em terríveis injustiças sociais.
O Nacionalismo
A Europa era um continente de muitas línguas, culturas e etnias, e nenhuma delas se reconhecia como pertencente a uma nação; as pessoas se reconheciam e eram reconhecidas conforme os locais, cidades ou vilas nas quais haviam nascido.
A Revolução Francesa vai criar o sentimento de pertencimento a uma nação nunca conhecido antes. As pessoas vão buscar seu direito de tornar a “vontade da nação” uma obrigação do Estado. Símbolos nacionais são criados, heróis medievais são resgatados, monumentos arquitetônicos passam a ser restaurados e valorizados como símbolos desta ou daquela sociedade.
O Nacionalismo foi fundamental para que as diferentes sociedades do século XIX se firmassem como nações. A luta por expressão e participação política torna evidente a função e importância dos cidadãos. O homem é integrado ao território nacional como parte de um corpo, cujos membros possuem funções vitais. Essa ideia de pertencimento gera o impulso necessário às revoluções que consolidam a burguesia no poder.
Socialismo, Anarquismo e a Doutrina Social da Igreja
O século XIX é o século da industrialização em grande escala da Europa. A opressão e exploração dos trabalhadores faz com que muitas pessoas critiquem o modelo capitalista da época. A busca por soluções contra essa exploração faz nascer as mais diversas teorias políticas.
Socialismo: a administração, organização econômica e os meios de produção ficariam nas mãos de toda a população. Todos teriam as mesmas oportunidades dentro da sociedade. Karl Marx e Engels, teóricos do socialismo, afirmavam que a história da humanidade era a história da luta de classes e que esta luta seria superada quando o proletariado promovesse uma revolução. Esta seria a fase da transição do capitalismo para o socialismo, cujo fim seria uma sociedade socialista pura.
Anarquismo: os teóricos do anarquismo pregavam a negação do Estado e de qualquer forma de poder na sociedade. Para eles, o Estado aniquilava as liberdades individuais. Também eram defensores de uma sociedade sem religião e crença em deus, pois as religiões limitam as liberdades dos indivíduos.
Doutrina Social da Igreja: em resposta às diversas correntes teóricas que surgiram no período e também para combater os excessos do capitalismo, a igreja reconhece os problemas sociais, mas condena as teorias marxistas. Para a igreja, era possível conciliar os interesses da burguesia e do proletariado, desde que intermediado pela religião.
A ascensão da burguesia ao poder e as ideias sociais e políticas do século XIX, contribuíram para alicerçar o capitalismo e comunismo do século XX. As revoluções sociais e políticas decorrentes desta nova realidade culminariam nos grandes conflitos regionais ou mundiais do século seguinte com consequências catastróficas para a humanidade. Sabemos, no entanto, que a burguesia ocupou um lugar do qual não pretende sair tão cedo. Hoje o mundo é burguês e corporativo!
Thayla Mercurio Ramon